SECTOR VITIVINÍCOLA UNIDO NA APRESENTAÇÃO DE PLANOS DE PROMOÇÃO E REFLEXÃO SOBRE SUSTENTABILIDADE 05 Dezembro 2012 Fórum Vinhos de Portugal realizado no Palácio da Bolsa, no Porto

O Fórum Vinhos de Portugal reuniu no Palácio da Bolsa entidades e produtores da fileira do vinho num dia dedicado à divulgação dos planos de promoção, análise do comportamento do mercado nacional, evolução das exportações, mas ainda ao debate de temas cruciais para o futuro da fileira como a sustentabilidade da fileira da vinha e do vinho, a agricultura sustentável e a biodiversidade.

Em resultado de um esforço de concertação de estratégias de promoção externa, as CVRs, IVDP e ViniPortugal apresentaram à mesma mesa os planos de promoção para 2013. Para a promoção dos vinhos portugueses continuarão a ser investidos 7 milhões de euros e verbas equivalentes serão alocadas pelas Comissões de Viticultura e pelo IVDP, perfazendo um total de 15 milhões de euros.

Na sequência da apresentação de Francisco Mateus, do IVV, na qual foi traçada a evolução das exportações e a quebra do mercado português, Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal sustentou que “ a queda de consumo de 5% no mercado nacional foi compensada com o crescimento das exportações no mercado internacional. São sinais positivos que confirmam a estratégia adequada, à qual é necessário dar continuidade”

Durante a tarde diversos especialistas participaram nos painéis de debate sobre produção biológica, preservação da biodiversidade e o impacto das alterações climáticas na fileira da vinha e do vinho.

Para Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, «A conferência sobre sustentabilidade apresentou bons exemplos que gostaríamos que fossem adaptados à fileira do vinho, para que o vinho se possa tornar “amigo do ambiente” e se adapte às alterações climáticas nos próximos 20 ou 30 anos».

Coube a Nuno Oliveira, do Instituto Superior de Gestão (ISG), inaugurar a conferência sobre Sustentabilidade da fileira da vinha e do vinho, subordinado aos temas da agricultura sustentável e da biodiversidade. O biólogo da área de ecologia, investigador coordenador e professor de economia dos recursos naturais, ambiente e sustentabilidade do ISG apelou à consideração da sustentabilidade como factor de sobrevivência mas também de diferenciação e competitividade. Na sua apresentação destacou o impacte das alterações climatéricas no sector dos vinhos e o que a possível deslocalização das áreas de vinha no cenário de alterações climáticas pode implicar na qualidade dos vinhos e ao nível das empresas. Explicou que o capital natural das D.O., muito dele faz parte da rede ecológica nacional, pode ser mais rentabilizado e ser diferenciador, e explanou o que contribui para produção de um vinho sustentável, nomeadamente a gestão da água e dos solos, e a gestão e reutilização de de resíduos orgânicos e não orgânicos, gestão da energia, embalagens e materiais de comunicação amigos do ambiente, a relação com stakeholders e as questões de comércio justo.

O biólogo mencionou ainda os três eixos da sustentabilidade: ambiental, social e económica e consciencializou a audiência para a tendência de sustentabilidade, esclarecendo que vamos assistir nos próximos anos a uma crescente regulamentação neste capítulo.

Na sua apresentação, Alfredo Cunhal Sendim, da Herdade Freixo do Meio, explicou qual a complexidade de lidarmos com problemas novos, que até agora não tivemos. Evidenciou os ecossistemas como parte essencial de produção e apresentou o exemplo de plantação de vinha no Freixo do Meio com pressupostos diferentes do costume, ao nível da gestão do solo, factores de diferenciação, gestão do risco e gestão dos ecossistemas. O produtor salientou ainda a necessidade de reimprimir a regulação mundial para dar apoio às alterações necessárias e a importância do sector público na promoção à I&D, concretamente na aplicação à agricultura

António J. Magalhães, QVB, focalizou a sua apresentação nos problemas causados pelo modelo de viticultura actual no Douro e a necessidade de modelo. Ao evidenciar o modelo desenvolvido pela Flagdate, demonstrou a diferença entre a viticultura convencional e a viticultura sustentável e biológica em todos os seus aspectos, desde a gestão dos infestantes e promoção de enrelvamentos à gestão de pragas e de resíduos.

No final das apresentações, Manuel Carvalho, diretor adjunto do Público, dirigiu o primeiro debate focado no tema da agricultura sustentável e no desafio de produzir mais com menos, incorporando valor nos vinhos e tirando partido do valor de certificações no negócio.

O segundo painel foi iniciado pela apresentação de Cristina Carlos, da ADVID, que fez uma análise da importância da biodiversidade funcional. A paisagem como elemento essencial no contexto da biodiversidade e das práticas agrícolas que influenciam a paisagem e as culturas mereceram destaque nesta apresentação, que também realçou os projectos específicos na área da biodiversidade aplicada à gestão da vinha.

Eiras Dias, da PORVID, foi outro dos oradores deste painel de debate. A abordagem incidiu na exposição sobre a diversidade da ampelografia nacional, composta por 350 castas, e as 25 castas com mais utilização. A apresentação focou ainda a urgência na diversificação da utilização de castas para manter uma base alargada em uso e a exposição sobre as colecções de castas nacionais e a estratégia e acções em execução de cada projecto, assim como a origem da diversidade da videira, com enfoque na introdução de outras regiões, cruzamentos naturais e multiplicação vegetativa.

Em sistema de vídeo-conferência Pedro Ballesteros, Torres MW, Signatários do Wineries for Climate Protection, interagiu com a audiência do Fórum e o painel de oradores. Apresentou a iniciativa do sector do vinho europeu a favor da redução de emissão de gases, extensível tanto à construção de edifícios, reutilização de energias renováveis, como à adopção de boas prácticas de produção, ao menor consumo de água, à utilização de embalagens ecológicas e à implementação de hábitos de reciclagem e de logísticas mais eficientes e a um maior investimento na investigação e produção. Pedro Ballesteros apelou à necessidade de antecipar para fazer face às limitações da legislação que está em construção, e finalizou a apresentação elogiando as condições naturais e históricas que Portugal detém e que são vantajosas para que se posicione na linha da frente nos tempos de sustentabilidade.

Pedro Garcias, jornalista do Público, foi o moderador do debate deste painel dedicado ao tema da biodiversidade, onde foi discutida a hipótese de um acordo de regiões IG e DOC para prácticas de sustentabilidade e foi abordada a importância da cidadania no desenvolvimento sustentável